Foi-se a inspiração, sobrou a apreensão. Passam dinossauros, passam homens...
- Lais Amaral Jr.

- 18 de jun.
- 3 min de leitura

Final de semana retrasado, estive na ExpôRio, no Complexo Lagoon, evento organizado pela Secretaria de Estado de Turismo. Por quatro dias, as doze regiões turísticas do estado expuseram atrativos e produtos para um grande público. Das atrações que mais chamaram atenção, uma que mexeu muito com a criançada, principalmente, foram as duas réplicas, quase vivas, de dinossauros – um Velociraptor e um Tiranossauro Rex – levados por Miguel Pereira, da Região do Vale do Café. O munícipio conhecido como a Gramado Fluminense, tem lá entre suas atrações, a Terra dos Dinos. Um sucesso.
Dia desses da semana que findou, eu caminhava por Campos Elíseos, o bairro que dá boas-vindas a quem chega em Resende, e a mente também caminhava. Viajava. Meu flanar serve para captar nuances cotidianas, que por vezes me passam despercebidas. No balcão de um Café, dois senhores, que me lembraram os dinos visto no Lagoon, conversavam à meia voz sobre a nova guerra que se iniciava, com os ataques de Israel ao Irã e as previsíveis reações e consequências. Um deles comentou, sublinhando o papo: “O mundo está perdido. O ser humano não tem mais jeito”. Impossível impedir em minha mente alada, a imagem dos dinossauros criticando os humanos.
Mais tarde conferi o noticiário e concordei com os dinos, quer dizer, com aqueles senhores na cafeteria. Segundo especialistas, o famigerado primeiro ministro de Israel, Benjamim Netanyahu teria cedido à pressão de ultra ortodoxos no Parlamento que exigiam o ataque ao Irã, ou ele seria derrubado do poder. O homem não pensou duas vezes.
A incompatibilidade entre Israel e Irã é antiga, perde-se na ampulheta, o que não impediu que por algum tempo mantivessem relações diplomáticas, comerciais e militares. Mas desde o fim da dinastia Pahlavi em 1979, as relações se estremeceram de vez. O Estado de Israel parece querer outro Xá mandando no Irã e não mais os Aiatolás, o que interessaria também ao Ocidente, dizem os analistas. Durma-se com esse barulho. Como se já não bastasse o inaceitável extermínio dos palestinos. Volta a imagem dos dinos e a frase: “Esse mundo está perdido. O ser humano não tem mais jeito”.
Pausa: Costumo escrever domingo à noite. Segunda pela manhã tenho que enviar o texto para a Criativos. Mas num domingo de tanto futebol, eu, um fanático pelo nobre esporte bretão (há controvérsias), resolvi escrever mais cedo. Dei uma parada para o ‘Samba na Gamboa’ com Teresa Cristina recebendo Moyseis Marques que desfiaram um repertório maravilhoso de Chico Buarque, que faz aniversário esta semana.
Teresa deu um show com ‘Meu Guri’ e bambeei com a interpretação emocionada do Moyseis para ‘Subúrbios’. De repente meu celular me chama atenção para uma péssima notícia: o falecimento de Bira Presidente, no sábado. O abatimento foi instantâneo. É mais um, que foi sem dizer adeus, como cantou outro sambista.
Pronto. As articulações do meu texto foram pro brejo. A ideia inicial seria especular sobre a ironia de num futuro distante, uma nova espécie que venha habitar o planeta, exibisse réplicas animadas da humanidade numa exposição. Coisas deste planeta permanente que é cenário e habitat de espécies transitórias.
Possivelmente, entrando na conversa daqueles senhores, eu diria que o mundo não estaria perdido se existissem menos homens com alma de Tiranossauro Rex e mais Biras Presidentes por aí. Mais Caciques de Ramos e menos baterias de misseis e o escambau. Sei que parece coisa de gente ingênua, boba. Sou ingênuo, mesmo. Mas o mundo seria um lugar melhor se não fosse dominado por gente muito esperta. Quem sabe, até, não correríamos o risco de extinção, como ocorreu com os dinos. Caramba!! E ainda há o risco de um asteroide...
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