Antes do Início: A Travessia Emocional de Ernesto Mané e a Busca por suas Raízes
- Redação

- 27 de jul.
- 4 min de leitura

Em um lançamento que promete mexer com a gente, a Tinta-da-China Brasil nos apresenta "Antes do Início", o livro de estreia de Ernesto Mané. Físico, diplomata e uma mente inquieta, Mané nos leva em uma jornada profunda em busca de sua ancestralidade, mergulhando em reflexões sobre abandono, racismo e a complexa relação entre ciência e espiritualidade.
A aventura começa em 2010, quando Ernesto, um doutor em física com um currículo de peso nas maiores instituições de pesquisa do mundo, decide partir para Guiné-Bissau. Mais que uma viagem, era uma travessia afetiva, um reencontro com avós e parentes. Nascido no Brasil, filho de mãe paraibana e pai guineense, Ernesto carregava uma pergunta gigante: o que havia do "outro lado da kalunga"? O que restava daquela travessia atlântica que conectou tantos africanos ao Brasil?
A história do pai de Ernesto é um nó a ser desfeito. Ele, da geração que lutou pela independência da Guiné-Bissau, veio para o Brasil nos anos 70 com uma bolsa do Itamaraty. Mas a universidade, em São Paulo, o repele com o racismo. Ele abandona o jovem Ernesto e a família. Mais tarde, em Cabo Verde, constitui e abandona outra família. Seria um "sacana", como dizem alguns? Ou alguém tentando sobreviver à barbárie das guerras coloniais portuguesas? Ernesto busca respostas com os amigos e parentes que ficaram na Guiné-Bissau, descobrindo um homem que, apesar das ausências, é lembrado como se nunca tivesse partido.
Conhecer a Guiné e sua família traz uma mistura agridoce de desalento, dor e, claro, muitas perguntas novas. A paternidade e um divórcio recente fazem Ernesto olhar para o próprio pai com outros olhos, revisitando memórias de infância. Tudo isso é registrado ali, no calor da hora, em um diário que virou esse livro original e comovente, uma fusão entre relato de viagem e ensaio autobiográfico.
A música tem um poder incrível de nos conectar com a ancestralidade e as emoções mais profundas. Assim como Ernesto Mané buscou suas raízes, você pode encontrar inspiração e conexão nas playlists da Cedro Rosa Digital.
No Brasil, Ernesto sentia o peso do racismo. Em Bissau, para sua surpresa, ele é chamado de "branco" por seu jeito de se vestir e se portar. Aprende a comer com as mãos, da mesma tigela dos parentes. Conhece a bolanha, as plantações de arroz onde seus avós vivem de forma precária. Um dia, se vê no transporte público, carregando uma galinha viva pelos pés – cena corriqueira em Bissau. As contradições e o potencial da Guiné saltam aos olhos do jovem cientista. Ele percebe a força do crioulo, a língua que une toda a população, mas que seu pai não lhe ensinou e que nem é uma das línguas oficiais do país.
Depois dessa viagem transformadora, Mané – um sobrenome Balanta, de uma das etnias da Guiné-Bissau – ingressa na carreira diplomática brasileira, beneficiado pelas políticas de ação afirmativa. Em seu diário, ele anota tudo, como quem secretaria uma reunião de família, atuando muitas vezes como um "diplomata" entre irmãs, cunhados e amigos. Ele nota que ninguém ali toca tambores ou veste roupas tradicionais, mas ele mesmo apresenta a capoeira angola para os meninos da rua. Com seu olhar observador e comprometido, volta sua curiosidade para o Brasil.
Entre as muitas decisões que toma após a viagem, está o pedido de um passaporte da Guiné-Bissau para ter dupla cidadania. Se a história e a política, como "Antes do Início" atesta, contribuíram para afastar África e Brasil, Ernesto Mané nos mostra, de forma notável, que a literatura é uma ponte poderosa para nos trazer notícias do "outro lado da kalunga".
Ficha Técnica do Livro:
Título: Antes do início
Autor: Ernesto Mané
Edição: Gustavo Pacheco e Tinta-da-China Brasil
Páginas: 256 pp
ISBN: 978-65-84835-14-6
Preço: R$ 89,90
Sobre o autor: Ernesto Mané (João Pessoa, 1983) é brasileiro e guineense. Doutor em física nuclear pela Universidade de Manchester (Reino Unido) e pós-doutorado no laboratório canadense Triumf. Entrou para a carreira diplomática em 2014, via Programa de Ação Afirmativa para Afrodescendentes do Instituto Rio Branco. Foi pesquisador visitante na Universidade de Princeton (EUA) e, em 2019, foi reconhecido pelo Mipad (Most Influential People of African Descent) como um dos cem afrodescendentes com menos de quarenta anos mais influentes do mundo na área de política e governança. Serviu na Embaixada do Brasil em Washington entre 2021 e 2025 e atualmente serve na Embaixada do Brasil em Buenos Aires. "Antes do início" é seu livro de estreia.
Sobre a Tinta-da-China Brasil: Editora de livros independente, sediada em São Paulo, gerida desde 2022 pela Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos. Sua missão é a difusão da cultura do livro.
Que tal dar um play na playlist "AFRICA"? Uma seleção vibrante de ritmos africanos contemporâneos e sons globais que te transportam para uma experiência cultural rica. Perfeita para sentir a energia das diferentes etnias e histórias que moldaram a diáspora.
A Cedro Rosa Digital é a plataforma que está mudando o jogo para criadores de conteúdo e artistas ao redor do globo. Esqueça a complicação dos direitos autorais! Eles oferecem um catálogo imenso de músicas de alta qualidade com licenciamento descomplicado, perfeito para vídeos, podcasts, publicidade, filmes, jogos e qualquer outra mídia.
O grande trunfo da Cedro Rosa é sua visão internacional e inclusiva. Eles não apenas facilitam o acesso legal a trilhas sonoras incríveis, mas também servem como um palco global para artistas do mundo inteiro, ajudando-os a gerar renda e a ter sua arte reconhecida. É uma forma transparente e eficaz de conectar talento musical a projetos criativos, garantindo que todos sejam beneficiados.
Na Cedro Rosa, você navega facilmente pelo catálogo, filtrando por gênero, humor ou instrumento, encontrando a melodia perfeita para dar vida à sua visão. É a música que impulsiona a criatividade, de um jeito simples, justo e que quebra as barreiras para que a arte e o talento de todos os cantos do planeta sejam celebrados!


















Comentários