Em defesa do meio-ambiente
- Luiz Inglês

- 29 de set.
- 3 min de leitura

Neste fim de semana tivemos, na cidade onde moro (dez mil habitantes), uma série de eventos ligados à defesa do meio-ambiente: Movimento Bocaina Livre. Iniciativa local para mobilizar a sociedade em torno dos desafios socioambientais e da reconexão com o planeta.
Palestras; workshops; exposição de arte; feira do produtor rural; doaçãode mudas da mata-Atlântica; debates com especialistas; apresentação de trabalhos de artesanato local como as rendeiras; presença de algumas figuras importantes do universo preservacionista, como a SOS Mata-Atlântica; oficina de artista renomada que ofereceu oportunidade de participação com trabalhos feitos a partir de sementes,exposição de fotos da fauna e flora da mata-Atlântica; apresentação de violeiros caipiras na praça, etc. A cidade possui algumas RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) e seus proprietários e proprietárias deram seu parecer.
Foi uma festa geral.
Durante dois dias respiramos esperança.
Foi interessante sentir a cidade pulsar de modo diferente. Por estar situada em área rural, o assunto do meio-ambiente é bastante divulgado e abraçado. O engajamento do público foi imediato mormente por se tratar de ação de moradores locais. Senti o estímulo das pessoas ao percorrerem as diversas barracas e participando dos eventos. Os visitantes que vieram para esta celebração da natureza e eventuais turistas, participaram com interesse e curiosidade. Respirou-se arte; ciência; saberes tradicionais (como a culinária); inovações tecnológicas como o uso de drones para localização de focos de incêndio nas matas, georreferenciamento e visualização de propriedades; debates sobre os desafios ainda a serem enfrentados com grande troca de informações sobre conservação ambiental.
Criou-se conscientização da identidade cultural ligada ao patrimônio natural. Ampliou-se o conhecimento de práticas cotidianas e coletivas pró-ambientais.
Interrompendo esta descrição de um evento diminuto em uma pequena cidade de interior, volto agora minha atenção para a realização da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, considerada o grande forum de debates sobre o assunto. Segundo a midia, a COP30 “...representa oportunidade para o Brasil reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global”. Uma iniciativa louvável que traz expectativas com possíveis grandes novidades e avanços. Quase cem paises participarão do evento.
Mas, da mesma forma que a alimentação global é fornecida pela agricultura familiar, ou seja, as pequenas propriedades são responsáveis pela maior parte dos alimentros consumidos no mundo, de que adianta tantos encontros e fóruns mundiais, para serem discutidos no alto escalão, quando quem alimenta o planeta é apequena lavoura familiar de irrelevantes propriedades?
Os grandes conglomerados são grandes grupos empresariais que controlam e produzem uma vasta gama de produtos alimentícios. Controlam o mercado, têm escala global e diversificação de marcas. Com este domínio, negociam preços e influenciam o que é consumido globalmente, numa demonstração de centralização do poder de produção e distribuição em poucas mãos. E, geralmente com alta denssidade calórica e baixo valor nutritivo. Produtos ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras saturadas, sódio e aditivos. Por que não buscar legislação para incentivar quem produz alimentação de verdade?
Da mesma forma, a COP30, vai discutir assuntos seríssimos e necessários, mas ao mesmo tempo, estes conglomerados vão transformar o encontro em balcão de negócios. Mineradoras, por exemplo, tentam transmitir imagem de sustentabilidade da atividade, quando na verdade trabalham sem responsabilidade socioambiental. Petrolíferas continuam a incentivar o uso do combustível fóssil, maior responsável pela emissão de carbono, sempre com discurso duvidoso. O Agronegócio continua despejando milhões de litros de agrotóxicos nas lavouras que nos alimentam, mas com discurso de greenwashing (maquagem verde), estratégia de marketing, sem mudanças reais.
Volto à pequena cidade onde moro. Vi um movimento lindo, com participação popular. Vi a preocupação com o planeta. E pergunto: além dos assuntos globais – importantíssimos com certeza – por que, nestes fóruns globais, não se atentam para os pequenos produtores que são, de fato, quem cuida do planeta e da nossa sobrevivência?
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