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Meu gato odeia o pirata Laranjão

 


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Meu gato odeia o pirata Laranjão

 


Chegamos ao fim do primeiro quarto do século XXI, e eis que vemos de volta os tempos da pirataria. E não são os piratinhas lá do Chifre da África. Não. É muito pior que isso. Hoje, o maior pirata, aquele que faria Barbanegra se borrar de medo, é dono do país mais poderoso do mundo, economicamente e militarmente falando, o que o torna mais insolente, mais arrogante e, uma vizinhança das mais incômodas.


Releio o parágrafo para me convencer de que nem preciso colocar o nome do grande pirata em questão. Até o leitor menos atento sabe de quem estamos falando.

- (...)

- “Sim é ele mesmo, Pombo. O cara acaba de gadunhar um navio petroleiro venezuelano e lavá-lo para sua casa, os Estados Unidos. E a embarcação estava levando o óleo para algum país, certamente, freguês da Venezuela. O grande Irmão do Norte ficou com o navio e com o petróleo”

- (...)


. “Claro! É roubo mesmo, Pombo. Literalmente, pirataria. O cara é uma aberração. Como pode um sujeito desses presidir um país daquele tamanho? É isso que me pergunto, Pombo”.

Pra quem ainda não sabe, Pombo é o nome do meu gato. Gosto muito de gatos e pombos. Duas espécies que costumam ser vistas com certa indiferença e até rejeitadas pelos seres racionais. Tenho apresso por rejeitados e desprezados.


Meu saudoso pai, mesmo, não curtia os felinos e fez o que pode para que eu não me afeiçoasse a eles. Até contava uma história pseudo-bíblica para me incutir a aversão. Na tal história, Jesus, um dia com muita sede, pediu a um gato que pegasse água para ele. O gato, sem que Jesus visse, fez xixi na canequinha e a entregou ao Filho do Homem. O cachorro vendo aquilo, correu e pegou a canequinha da mão de Jesus, jogou fora o xixi, lavou a caneca e colocou água para nosso Senhor beber. O esforço do meu pai não me convenceu. Continuei amando os bichanos.

Com o advento da Petmania, impulsionada pelo consumismo, os felinos até ganharam um tratamento mais tolerante de uns tempos para cá.


Os pombos continuam estigmatizados com a pecha depreciativa de ‘ratos com asas’. São sujos, transmitem doenças etc, etc, etc. Tudo bem que seu cantar não é dos mais apreciáveis como o de inúmeros irmãos alados. Mas já repararam na sua vestimenta? Quanta personalidade! Num grupo de pombos, sejam três, quatro, cinco, quantos forem, nenhum deles usa roupa igual. As cores, os desenhos, o dégradé, tudo é diferente e bonito. O bicho tem seu charme. Até esquecem quem simboliza a paz e o Espírito Santo.


Mas voltando a Pombo, meu gato (conversamos por telepatia), devo dizer que ele também tem suas diferenças com o Laranjão, o rei dos piratas. São muitos os motivos, como eu, e hoje, a maioria dos estadunidenses também têm. Todos queremos vê-lo à distância. Na verdade, distante do Poder.


No caso de Pombo, o asco ao Piratão começou ainda antes do segundo mandato do republicano. Foi no debate entre os candidatos à Casa Branca em que ele, para achincalhar ainda mais os imigrantes, disse que estes comiam animas de estimação dos americanos. Pombo tem amigos felinos que vivem nos Estados Unidos e me afiançou que a afirmação, dita com a maior cara lavada, era uma hedionda mentira. “Uma asquerosa mentira”, ele frisou. 


          Mesmo assim, o homem conquistou o poder e de lá pra cá, os motivos para querermos vê-lo pelas costas, só foram se multiplicando. E Pombo cochicha ao pé do ouvido, que se os gatos tivessem direito a voto naquele país, o Pirata não teria voltado ao poder. “Como são irracionais esses humanos!” Êpa! Foi Pombo quem disse isso.      

 

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