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O poeta Moduan Matus, nasceu quando o cidadão Edgard Vieira Matos, morador de Nova Iguaçu, tomou total consciência do estado de descriminação vivido pela Baixada Fluminense e seus moradores. Cidades dormitório, pontos de desova de esquadrões da morte e outras desconsiderações. Foi lá pelo meio da década de 1970, que já tendo descoberto a poesia, e então, sob a pele pseudônica (ele diria assim) de Moduan Matus, entrou de corpo e alma nos movimentos artísticos/culturais que se esboçavam na cidade.


E entra em cena a ‘Poesia Baixadense’. Um tipo de resposta poética aos desmandos sentidos pela região. E Moduan Matus, junto com o saudoso parceiro Djair Esteves, fizeram “barulho” levando a poesia, muitas vezes declamada, ou discursada, como arma de redenção a palcos diversos. Moduan Matus inaugurou um tipo de grafitagem poética, escrevendo seus poemas nas paredes e portas do comércio da cidade.


Com o tempo, essa forte voz que vinha da Baixada se espalhou por outras cidades: Rio, Niterói, São Gonçalo, assumindo ares de   movimento, vigoroso. E o poeta foi encorpando, abrindo espaço para o escritor mais amplo e também para o historiador. O reconhecimento ao seu peso foi surgindo em forma de premiações variadas, dentro e fora da Baixada, incluindo o de autor convidado oficial da XVII Bienal Internacional do Livro, em 2015 e em homenagens, como ver seu nome batizando a Sala de Leitura e Pesquisa na Escola de Artes Técnicas Paulo Falcão – Faetec.

As ações se multiplicavam e o reconhecimento da sua importância também se traduziu nos vários cargos públicos assumidos, para a gestão de arte e cultura na região. Moduan Matus é hoje também um poeta voltado a entender e reverberar o potencial e as reais possibilidades da poesia, de uma forma mais abrangente. É um experimentalista.


Tem dezenas de livros publicados, não só de poesia e prosa, mas de filosofia, história de Nova Iguaçu e o ensaio ‘Teoria e prática da literatura de locação baixadense’. Não há como não citar Moduan Matus, quando o assunto for poesia, como arte de resistência e ousadia, no estado do Rio de Janeiro.        

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CRIATIVOS - Moduan, como e quando a poesia entrou na sua vida? Houve alguma influência do mundo literário? 

 

MODUAN MATUS – A poesia passou a fazer parte da minha vida quando aflorou em mim o lirismo. Intuito de capturar momentaneamente a pele e atingir a alma do sexo oposto. Acho que em 1970, meio a paixão, pelo futebol campeão, veio outra. Depois da literatura dos quadrinhos e das fotonovelas, saí para a leitura de romances infanto-juvenis e para a poesia. Lia Drummond, Vinícius, Neimar de Barros, Kalil Gibran, Cecília e J. G. de Araújo Jorge...

 

CRIATIVOS - No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, você era uma das vozes mais ativas da chamada Poesia Baixadense. O que foi esse momento? 

 

MODUAN MATUS – A ideia de criar uma literatura ou uma Poesia Baixadense deu-se no final da década de 1970, tempo que a região da BF sofria com o estigma, o estereótipo: da violência, do local de mão-de-obra barata, de cidades-dormitórios, da pobreza, da fome, das desordenações estruturais e da política corruptível e de interesse. Então a mesorregião pelo lado social tinha característica de uma realidade acachapante no absorver de mazelas, de subúrbios, de guetos; assim como um enorme “Cortiço” feito o de Aluísio Azevedo. Assim iniciamos um movimento e escrevíamos a giz os poemas nas portas das lojas comerciais e nos tapumes. Lembrando Leon Tolstoi: “Se queres ser universal, comeces por pintar a sua aldeia”.

 

CRIATIVOS - Você há tempos foi catapultado para além do cenário da Baixada e entre as várias modalidades exercidas, é definido como um experimentalista em poética. Poderia definir essa particularidade?

 

MODUAN MATUS – A ideia do experimentalismo poético veio através das multiformas literárias, que vamos absorvendo pela leitura das formas de se escrever. O cosmopolitismo das letras vai expandindo até então... Dentro do gênero poesia existem subgêneros que publiquei, tais: haicai, poema anagramático, aforismo, poema visual, poema-instalação, conto minimalista, poema épico, poema concreto, poema baixadense, poema caótico, poema em movimento, poema travalinguista, poema infanto-juvenil, verso livre e/ou desdobramentos... Temos riqueza universalista!

 

CRIATIVOS - Um multipoeta pode ter uma modalidade preferida? Qual a modalidade que mais te preenche e por que?

 

MODUAN MATUS – Acho que alguém ao se considerar um multipoeta não deve ter modalidade preferida. O multipoeta tem que estar a serviço desta arte que é a poesia, experimentando o que der e vier, procurando formas revolucionárias como fez Wlademir Dias-Pino, Mallarmé e outros. Formas reveladoras e é assim que se faz as sobressaídas, o encontro de nichos, que marca o escritor, sem influências comerciais diretamente em sua arte. O que nos preenche são: conhecimentos, temas e desafios.

 

CRIATIVOS - São mais de duas dezenas de livros publicados – não apenas de poesia. Qual, ou quais desses livros, você destacaria como leitura obrigatória para quem aprecia poesia?

 

MODUAN MATUS – Não destacaria nenhum livro como leitura obrigatória; todos excitam de alguma forma, seja: no gênero, no acadêmico, no literata, no gentílico, no curioso, no popular, no intelectual, no historiográfico... Acho que é feito de antropologismos cada livro que se publica.

 

CRIATIVOS - Fale sobre algo que desejar e que não foi perguntado.     

  

MODUAN MATUS – Dentro da literatura gosto de lidar com todas as possibilidades, de preferência as vanguardistas e/ou formas de despertar como em qualquer percurso de se produzir algo que reflita melhor a condição humana. Sempre em salutar inquietude e no compromisso com o nosso tempo.



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