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O futuro pode ser para trás

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​​A compulsão de sempre buscar os lançamentos, em se ver obrigado a perseguir as novidades ou o abatimento em não ter o último modelo... são sentimentos que fazem pulsar a adrenalina naqueles que vivem subjugados pelos gadgets do mercado.


Aqueles que vivem à mercê de se sentir moderno e UpToDate (atualizados). Isto traz muita ansiedade e estresse. Pior ainda porque não resulta em nenhum ganho pessoal, a não ser a falsa sensação de estar inserido no status quo das pessoas ditas descoladas. A única vantagem que existe é enriquecer mais ainda as empresa que fabricam qualquer destes artefatos e com certeza agredir o meio-ambiente.


​​​​Mas ao mesmo tempo estamos vendo o mundo buscarsoluções no passado ou em áreas não tão tecnológicas. Como moro no interior, meus exemplos são da roça, já que lido com isso diariamente. Provavelmente já ouviram falar em NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), que é tradicionalmente o fertilizante químico utilizado há décadas. Uma adubação prescrista pelos agrônomos que contém os três nutrientes primários básicos para o sucesso de um plantio. Porém, uma adubação por NPK representa o contrário da lógica de um solo vivo. Como são apenas três nutrientes, o solo fica carente de dezenas de micronutrientes essenciais (como Ca, Mg, S, Zn, B, Fe, Mn, Co, Mo, etc). Na verdade o NPK empobrece a diversidade nutricional. Existe a alteração do pH se usado em excesso, reduz a matéria orgânica dentre outros problemas. O solo torna-se duro e menos fértil. Consequentemente mais e mais química deve ser jogada no solo para corrigir esta situação.


​​Hoje está se usando a Rochagem, que nada mais é que pó de rocha moída

para remineralizar o solo. Em poucas palavras temos que voltar às carteiras do colégio para lembrar que o solo é feito de pedras muitos antigas que estavam no nosso planeta, principalmente na era Pré-Cambriana (+-  de 4,5 bilhões a 500 milhões de anos).


A crosta terrestre estava se formando e nesta atividade surgiu a terra que forma o solo como o conhecemos. Ou seja, as pedras contém todos os minerais originais que formaram o solo. A Rochagem nada mais é que fazer retornar ao solo esses minerais, agora em pó, para facilitar a absorção.


​​Outro exemplo de retorno ao passado é a aceitação do queijo feito com leite cru. A Lei 13.860 de 2019 regulamentou a elaboração e comercialização de queijos artesanais feitos a partir de leite cru. Desde que o mundo é mundo, todas as populações faziam (e fazem) seus queijos a partir de leite cru. E o que é leite cru? É leite que vem diretamente do animal sem ser pasteurizado. Ou seja, é leite in natura. 


O leite cru mantém enzimas, bactérias boas e características da regiãoÉ claro que estamos falandode local de trabalho higienizado para evitar riscos sanitários e propriedade rural livre de brucelose e tuberculose. 


​​Os queijos produzidos com o uso do leite pasteurizado (que elimina patógenos) tem a vantagem de ter uma produção em maior escala, mas o sabor e textura são sempre previsíveis.

​​Já o leite cru tem sabor bem mais complexo já que as enzimas naturais não são destruídas, o que melhora a maturação. A microbiota natural deste leite cria aromas e sabores mais profundos.


O queijo reflete o lugar, o tipo de pasto, clima e raça do animal. O famoso terroir. Sem dúvida existem desvantagens já que depende de higiene impecável. Mas ao falar, por exemplo, dos queijos Minas artesanais ou do queijo da Serra da Canastra, e tantos outros queijos artesanais, já sabemos que vamos encontrar queijos de qualidade superior.


​​Vejam o exemplo das panificadoras. Está na moda a produção artesanal de pães sem fermentos químicos mas sim com uma fermentação natural, conhecida como levain, com maturação mais longas.


​​Na construção civil vemos cada vez mais, a utilização da bio-construção. Ao invés do concreto armado, pré-moldados ou drywall, vemos o emprego de técnicas que não agridem o meio-ambiente, que são mais sustentáveis como tijolos de adobe, taipa de pilão, bambu estrutural, madeira de reflorestamento, uso da permacultura, etc.


​​Quando percebemos que apesar de toda a tecnologia, o mundo começa a voltar atrás, intuimos que é o melhor caminho para o futuro, não só preservamos o planeta como respeitamos as atividades exercidas por quem veio séculos antes de nós e que sabiam das coisas.

 

Luiz Inglês

Dezembro 2025

 

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"Cultura, Sociedade e Outras Teses"



1 comentário


Sonali Maria
Sonali Maria
há 3 dias

Isso ai, isso ai...

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