O que farão agora com o ridículo bonezinho?
- Cid Benjamim

- 15 de jul.
- 5 min de leitura

O falecido banqueiro Magalhães Pinto — que foi governador de Minas Gerais e ministro na ditadura — era uma velha raposa política. É dele a frase: “Política é como nuvem. Você olha, está de um jeito. Daí a pouco, olha de novo e está diferente”.
A evolução dos acontecimentos desde a semana passada, antes mesmo das últimas patacoadas de Donald Trump, já demonstrava como a situação política às vezes muda de um dia para o outro.
Lula vinha mal na opinião pública. Se não chegava a estar propriamente nas cordas, tinha claras dificuldades. Caía nas pesquisas e não encontrava um discurso capaz de mobilizar a sociedade. O que antes era visto como positivo e inovador não mobilizava mais os eleitores. Parecia coisa do passado, já incorporada à realidade do País. Não era visto como benesse do atual governo.
Muitas daquelas medidas, até por não serem reformas estruturais e não incomodarem em profundidade as classes dominantes, puderam ser mantidas sem contrangimento por Bolsonaro.
Em menos de dez dias, a situação foi se modificando. Primeiro, pelas mudanças na propaganda do governo, que começou a lembrar que a sociedade tem interesses conflitantes. A velha luta de classes entrou em pauta. Isso desconcertou os conservadores. Surgiram, claro, acusações de populismo, como de praxe quando isso é dito. Houve quem dissesse que o discurso não promovia a união dos brasileiros. Como se o Brasil fosse homogêneo e não tivesse gritantes disparidades sociais. Mas foi só surgirem imagens mostrando as desigualdades entre pobres e ricos, que a maioria da população começou a identificar melhor seus interesses e a maré começou a mudar. A frase de Magalhães Pinto sobre as nuvens e a política mostrou a sua vigência.
Peças publicitárias exibiram imagens de trabalhadores carregando pesados sacos nas costas, enquanto engravatados viviam no bem bom. Até então Lula tinha falado apenas na necessidade de incluir pobres no Orçamento e ricos no pagamento de impostos. Mas de forma genérica. Não ia muito além disso. A festejada reforma tributária, apresentada como trunfo, não mexeu em privilégios. Sequer fez cócegas nos tubarões.
Algo mais começou a ser tratado. A proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês é um exemplo. Até um dos mais legítimos mafiosos do Congresso, Artur Lira, relator do projeto na Câmara, passou a acenar com a ampliação da faixa dos beneficiados, de olho nos dividendos políticos da medida.
Taxar lucros e dividendos — fazendo com que muitos empresários começassem a pagar impostos — é outra medida essencial. Ao não fazer isso o Brasil é acompanhado apenas por dois países. Só Estônia e Letônia não cobram esse tipo de imposto. Seremos uma espécie de soldado de passo certo na marcha do batalhão?
Cobrar tributos específicos de quem recebe supersalários também ameaça entrar no discussão. E mais uma: o fim da escala de seis dias de trabalho por um de descanso, que traria uma significativa melhoria de vida para os trabalhadores.
O debate passou, então, a ter em seu centro temas que favorecem a mobilização dos trabalhadores. Ora, um é sabido que o primeiro passo para ganhar um debate é pautar os temas em torno aos quais ele se dá.
Depois surgiu algo mais no quadro político: as provocações de Trump, anunciando taxas de 50% aos produtos brasileiros e a tentativa de intimidar o STF para que não punisse Bolsonaro. As ameaças deixaram em dificuldades até mesmo a extrema-direita.
Embora Lula já pudesse ter ido além e requisitado cadeia de rádio e TV, a reação do governo brasileiro foi boa: anunciou que vai protestar na Organização Mundial do Comércio e, depois, caso Trump mantenha as agressões, tomará medidas de retaliação.
As bobagens ditas pela extrema-direita só pioraram a situação para os fascistas. Um dos filhos de Bolsonaro lembrou que os Estados Unidos usaram bombas atômicas contra o Japão — como se o mesmo pudesse ser feito contra o Brasil. Grotesco.
Ocorreu, então, o que muitas vezes acontece: a face mais explícita e clara de uma posição política é expressada por seus defensores mais idiotas e chucros. Cada vez que abriram a boca os filhos do ex-presidente, a extrema-direita mais civilizada, aquela que toma banho (para usar uma expressão cara aos franceses), ficou mais envergonhada.
A reação veio até de lugares inesperados. As Organizações Globo cobriram com relativa correção os acontecimentos. O “Estado de São Paulo” publicou editoriais que lembraram os tempos em que com coragem denunciou a censura do regime militar, quando publicava versos de Camões e receitas de bolo nas páginas de política.
O jogo ainda está sendo jogado, mas, tal qual as nuvens lembradas por Magalhães Pinto, a situação política já mostra outra configuração. E uma configuração melhor para as forças democráticas. É hora de apostar na mobilização popular em torno às bandeiras que permitiram o começo da virada do jogo. E levá-la mais longe.
O sentimento de defesa e coesão nacional, algo meio fora de moda nesses tempos de entreguismo exacerbado, voltou à tona. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas — até então apresentado pela burguesia como representante de uma direita mais civilizada e cuidadosamente cultuado como alternativa para um conservadorismo capaz de comer com garfo e faca — começa a ser abandonado pela burguesia paulista, que seria duramente atingida pelas medidas que Trump ameaçou tomar.
Diante desse quadro, faço uma sugestão: que não se deixe cair no esquecimento um importante símbolo da sabujice entreguista dos tempos atuais: o ridículo bonezinho . No primeiro debate ou enfrentamento no Congresso com Tarcísio, ou com algum Bolsonaro, vale a pena oferecer a eles, como brinde, um exemplar do bonezinho que os Bolsonaros e Tarcísio andaram usando. Ele tem a sigla Maga, abreviatura de “Make America great again”, usado por Trump.
Mais ridículo, impossível.
Musica de Pretos do Brasil: Celebre o talento e a voz da cultura afro-brasileira! Esta playlist é dedicada a artistas pretos do Brasil que produzem música de alta qualidade, trazendo ritmos e mensagens poderosas. Ouça agora na Cedro Rosa Digital!
Cedro Rosa Digital: Inovação na Certificação Musical Global
A Cedro Rosa Digital vem se destacando no campo da certificação musical com o desenvolvimento do projeto CERTIFICA SOM, uma iniciativa revolucionária que promete transformar a gestão de direitos autorais no Brasil e no mundo. Em parceria estratégica com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e o Parque Tecnológico da Paraíba, com apoio da EMBRAPII e SEBRAE, o projeto visa criar uma plataforma automatizada e global para certificação e distribuição de obras musicais.
A empresa, que se posiciona como um elo fundamental para quem "cria, produz, consome ou utiliza música e conteúdos audiovisuais", tem investido em tecnologias emergentes para modernizar o mercado musical brasileiro. O CERTIFICA SOM representa um salto tecnológico significativo na proteção de direitos autorais, oferecendo uma solução que pode beneficiar desde compositores independentes até grandes gravadoras.


















Comentários