Data Centers e Soberania Digital: O Chamado do Serpro por Mais Maturidade Estatal
- Redação

- 14 de out.
- 3 min de leitura
Qualidade em infraestrutura de dados vai além de certificados: para o Serpro, o debate crucial é sobre garantir independência tecnológica e proteger informações críticas do Brasil, especialmente no cenário de nuvens públicas.

Discutir padrões de qualidade em data centers não pode ser reduzido a uma mera checagem de selos e certificados. É preciso ir a fundo: o que está em jogo é a soberania digital do país e o grau de maturidade do Estado brasileiro na proteção de suas próprias informações.
Essa é a reflexão proposta por Tiago Sell Iahn, superintendente de Segurança da Informação do Serpro, que reforça o papel histórico da empresa como pilar da autonomia tecnológica nacional.
Apesar da tradição, a chegada das nuvens públicas no setor governamental levantou um alerta. "Houve uma adoção desenfreada de nuvem por parte dos órgãos públicos. Será que as análises de risco acompanharam esse movimento?”, questiona Iahn. Para ele, o resultado foi um enfraquecimento momentâneo da ideia de soberania, que agora exige resgate e atualização.
Nuvem Soberana: Além das Fronteiras
O cenário geopolítico global, com disputas e movimentos em todos os continentes, reacendeu a urgência da soberania tecnológica. A Europa já lidera a discussão sobre nuvens soberanas, e o Serpro afirma estar na vanguarda do movimento no Brasil.
“Estamos construindo a Nuvem de Governo Soberana, e isso é mais do que cumprir uma norma. É garantir independência tecnológica e proteger as infraestruturas críticas digitais do país”, destaca o superintendente.
Mas qual o diferencial dessa infraestrutura? Tiago Iahn explica que a soberania não se resume a ter os dados armazenados em território nacional. É fundamental garantir que não haja atuação de agentes externos — incluindo grandes Big Techs — sobre essa infraestrutura.
O modelo envolve instalar os recursos de infraestruturas tecnológicas dentro de data centers próprios do Serpro, em projetos isolados e sob controle estatal. “Esses ambientes são desconectados das redes públicas das Big Techs. Se amanhã ocorrer alguma disputa comercial, elas continuam funcionando dentro do Serpro, com vida útil própria e contratos sob controle estatal”, esclarece Iahn.
Certificações e o Olhar Estratégico
Para o Serpro, a validação de infraestruturas críticas também precisa de um olhar soberano. A criptografia de Estado, por exemplo, não depende de certificação internacional, mas sim da validação de matemáticos e especialistas nacionais, dentro de um regime de confiança interna.
“O olhar para esses projetos soberanos talvez precise ser um pouco diferenciado. Pensar em melhores práticas, pensar em due diligence e outras abordagens que não só os aspectos de certificação”, defende Tiago Iahn.
O debate, portanto, extrapola o técnico e chega ao cultural. Enquanto o Serpro mantém estruturas certificadas, com data centers Tier III aptos a hospedar sistemas críticos do governo federal, o cenário geral é de disparidade.
Para Tiago Iahn, é preciso mais que tecnologia de ponta. É preciso consciência e disciplina: “Falta conscientização de quem os utiliza para que o uso seja realmente voltado ao benefício do cidadão”, conclui, reforçando que a segurança da informação é um exercício diário de cultura.
O debate foi levado à luz no painel “Padrões de segurança e qualidade em data centers”, durante o Workshop Internacional Cabos Submarinos e Data Centers, organizado pelo Ministério das Comunicações em Brasília. O evento reuniu representantes dos setores público, privado e organismos internacionais para traçar as políticas nacionais nessas áreas estratégicas.
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