DUAS GAZAS
- Jorge Cardozo

- 9 de jun.
- 1 min de leitura

A palavra seca na garganta
Não vem à voz
A escrita parece sangue
No chão da festa junina
– Mais um assassinato na favela.
No solo do que resta de Gaza
Nenhum poema resiste
À soma contínua de arbítrio
E tiro e mísseis e fome e morte
A poesia simplesmente
Não quer nascer.
Forçada a poesia
Nasce monstruosa
Sem ritmo cardíaco
Sem símbolos elegantes
Sem sinuosas sonoridades
O que surge neste tempo sujo
Vem tosco, roto, fardo;
Aborto.


















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