E disse Caetano Veloso sobre Arlindo: “o maior sambista moderno, o deus de melodias mágicas”
- Lais Amaral Jr

- 13 de ago.
- 3 min de leitura

Segue meu texto publicado aqui na Criativos em 07 de outubro de 2021, com o título: Arlindo Cruz, um vento de poesia no Samba. Depois incluído no livro Show de Estrelas - Ed. Autografia (2024).
Considero Arlindo Cruz um dos mais inspirados compositores de sua geração. Por sinal, uma geração de muita gente boa. Quem primeiro me chamou a atenção para ele foi meu amigo Jorge, que comandava uma loja de discos em Nova Iguaçu. Agregamos o nome da loja ao seu e ficou Jorge Discorama. Um dia o Jorge me disse: “esse Arlindo é um poeta”.
No primeiro “esbarrão” com Arlindo, ele ainda residia na Piedade, subúrbio da Central. Eu fui lá com o saudoso amigo Luís Carlos Felipe Firmo, que era técnico na Rádio Resende, onde também apresentava um programa de samba e pagode. De ouvinte virei amigo e colega de trabalho e, um pouco mais tarde, padrinho de casamento do sujeito.
A História começou assim: O programa semanal do Firmo, era frequentado pelo pessoal do samba de Resende e região. Não raro, tinha um grupo tocando ao vivo no estúdio. Quando ficamos amigos, participei algumas vezes do programa e quando ele soube dos meus sambas gravados pelo Bezerra da Silva, um cara que ele adorava, ganhei um pouco mais de prestígio no seu círculo de amizades. Depois ele descobriu mais algumas coisas: a gravação do grupo O Fino do Samba e a composição ‘QG do Samba’ do Pedro Butina, me citando na letra que homenageava compositores da Baixada Fluminense. O suficiente para consolidar nossa amizade. Firmo era um sujeito muito franco, daqueles de dizer tudo na lata, e acredito que ao ter certeza que eu não era um charlatão, me adotou como amigo, mesmo.
É que nascido e criado na região, aos pés da Mantiqueira, Luís Carlos Firmo um típico sujeito simples do interior me vendo como um cara do Rio, com sambas gravados pelo Bezerra, me superestimou e passou a me encarar até, como uma espécie de gazua, que poderia abrir as portas no grande centro, e satisfazer assim, um antigo projeto: levar grandes nomes do samba para seus eventos. Por mais que eu negasse a imagem exagerada que fazia de mim, e jurar que eu não era tudo aquilo, não teve jeito. Um dia, chegou de chofre e disse: “Você conhece o Arlindo Cruz? Consegui um carro com motorista por intermédio de um vereador e nós vamos ao Rio”.
Caramba! Eu conhecia o Arlindo, assim como ele, dos sambas maravilhosos do Fundo de Quintal, e depois, junto com Sombrinha. “Sou fã de carteirinha, mas não o conheço”. Não adiantou. Firmo disse: “Você conhece o Rio, vamos na casa do homem”. E despencamos serra abaixo numa manhã de algum dia de semana. Destino, Piedade, subúrbio da Central. Firmo, muito esperto conseguira o endereço do sambista.
Rodamos um pouco pelo subúrbio até que achamos o endereço. Era uma casa ainda inacabada em meio a um grande quintal. Arlindo nos recebeu numa boa. Sem frescuras e sem pose de grande estrela. Embora já fosse, sim, uma grande estrela. Eu buscava conter minha empolgação por estar diante de um dos meus ídolos. Ele não criou obstáculos para fechar o acordo de abrilhantar a noitada de samba que, Firmo realizaria numa casa noturna de Resende.
Conversamos amenidades e eu quis saber do Zeca Pagodinho. Havia boatos que andava mal de saúde. Arlindo costumava visita-lo em seu exílio em Xerém e disse que ele mudara. “Zeca agora é geração saúde. Acordava cedo ia pra cozinha e perguntava, já pilotando um liquidificador: “que vitamina o Arlindinho gosta?”, referindo-se ao filho de Arlindo, que naquele tempo era ainda uma criança. Foi assim o primeiro contado com o mestre Arlindo Cruz. Voltamos pra Resende em estado de graça.
Primeira Mostra Nacional sobre Samba.
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