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LIMITES DA RAZÃO E OS PERIGOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

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José Luiz Alquéres — Membro Titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB)



Fala-se muito dos efeitos disruptivos do uso generalizado da inteligência artificial (IA) sobre os sistemas produtivos — sejam eles de bens ou de serviços — e também sobre diversos campos da produção intelectual, como o ensino, o jornalismo e a literatura. Mencionam-se, sobretudo, possíveis impactos no aumento do desemprego e em um certo empobrecimento da criatividade humana.


Essas, porém, não me parecem ser as questões mais perigosas associadas à IA. Ao longo do século XVIII, o Iluminismo, com sua intrínseca e essencial valorização da Razão, deu aos homens uma inabalável confiança — e uma dose de húbris. Rousseau e, principalmente, os filósofos alemães pós-kant reafirmaram que, razão à parte, permanecia um vasto espaço para a reflexão sobre a espiritualidade, a natureza e o infinito. Trata-se de um conceito tão poderoso que chegou até Albert Einstein, que afirmou: “O mais belo da existência é a experiência do mistério. Ele é a fonte da ciência e da arte.”


Em meados do século XIX, Auguste Comte, em seu Curso de Filosofia Positiva, e Karl Marx, em seu Manifesto do Partido Comunista, ao proporem a cientificização dos processos sociais e econômicos, apontavam para a emergência de um mundo pautado pela verdade única e materialista. A história, que ambos tanto prezavam, acabou por desmenti-los.


Atualmente, assistimos ao avanço indiscriminado das consultas sobre temas médicos, históricos e sociais, antes direcionadas ao Google, agora transferidas para respostas ainda mais sofisticadas fornecidas pela IA — popularizada pelo chamado ChatGPT. Trata-se da sedução do saber imediato que esse instrumento oferece a quem o consulta. A IA, que já não se limita a respostas pontuais, hoje pilota aviões à distância, comanda processos industriais e até orienta o funcionamento de órgãos públicos na Europa, assumindo papéis antes exclusivos das mentes humanas.


Entretanto, algumas capacidades — como a de formular construções abstratas e filosóficas, de vivenciar a espiritualidade, de conviver com o mistério e de lidar com pulsões primárias inerentes à condição humana — estão sendo progressivamente afastadas dos processos decisórios, cada vez mais comandados por algoritmos.


A situação descrita no parágrafo anterior, somada às considerações precedentes, pode conduzir-nos àquele mundo de “verdade única” e de poder autoritário empenhado em impô-la. Nos parágrafos finais do livro Frankenstein, escrito em 1820, Mary Shelley coloca na boca da Criatura (teoricamente o ser mais perfeito jamais criado por um homem, porém desprovido de humanidade e compaixão) a cáustica frase dirigida ao Dr. Frankenstein: “Você não vai me matar porque você é o meu criador, mas hoje eu sou o seu senhor.”


Se não tomarmos cuidado, essa mesma frase poderá, um dia, ser pronunciada por algum megacomputador — dirigido à humanidade que o criou.

 

Tecnologia e Cultura: O Contraponto à Perda da Criatividade Humana


Enquanto o avanço da Inteligência Artificial levanta questões filosóficas sobre a perda do "mistério" e da autonomia humana, o setor da cultura e das Indústrias Criativas responde com inovações que visam justamente valorizar a autoria e o trabalho intelectual. O desafio é rastrear e recompensar o Soft Power cultural brasileiro na economia global. Este segmento está em franca expansão no Brasil. Se, historicamente, a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) flutuava em torno de 2%, o recente Mapeamento da Indústria Criativa 2025 da FIRJAN revelou que o segmento já ultrapassou 3,5% do PIB em 2023, demonstrando seu crescente peso econômico.


A Tokenização de Direitos Musicais, aliada à IA e ao Blockchain, surge como um fator de desenvolvimento. Soluções como o sistema brasileiro Certifica Som utilizam a Inteligência Artificial para enriquecer metadados das obras e o Blockchain para criar um registro de propriedade imutável via tokenização.


Esta tecnologia, baseada em software proprietário da Cedro Rosa, está sendo desenvolvida com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com apoio da EMBRAPII e do SEBRAE/RJ. O modelo já demonstrou seu alcance global ao ser apresentado em feiras internacionais em Dubai, com o suporte da APEX.


O sistema possui parcerias internacionais estratégicas com sociedades como SACEM (França) e ASCAP (EUA), maximizando a rastreabilidade e assegurando que o compositor independente obtenha controle e transparência sobre seus royalties. Dessa forma, a tecnologia se torna uma ferramenta robusta para defender a autoria e a economia criativa.


Novidade do Portal: O Portal CRIATIVOS irá evoluir de um portal de notícias para um Hub de Inteligência no setor, potencializando a discussão sobre a gestão estratégica da música brasileira no mercado global, com o suporte tecnológico da Cedro Rosa Digital.


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