MILTONS
- Marlos Degani

- 14 de out.
- 3 min de leitura

Ainda vibro com o fougère das manhãzinhas naquele momento da troca do véu da noite pelos raios de uma nova luminosidade pois o dia já começou há muito tempo nos roxos da madrugada não tenho automóvel por ser pobre mas muito também porque perdi a paciência para muitas coisas inclusive dirigir em meio às atrocidades do trânsito e dos riscos que ele representa para um cara estressado e impaciente enfim estou no meu ponto de ônibus às 6h admirando o cenário da alvorada amarelo-ouro ainda claro e observo aquele gordinho descendo esbaforido completamente suado sofrendo tadinho e pergunto se ele estava pagando promessa rimos trocamos um bom-dia alvissareiro o cronista na minha opinião rudimentar é quem consegue atravessar a ponte do cotidiano a fim de extrair registros amenoácidos (com licença Marcelo Peregrino mas você é o gênio das substantivações) da realidade insuave das intempéries desse mundo atrevido e eternamente modificado pelas circunstâncias do tempo falsamente linear ao qual nos submetemos desde a revolução do fogo da roda da informação que enterram o antes vislumbrando um novo depois misteriosamente desafiador estou com 56 anos usufruindo desse receio quase medo mesmo quase pavor talvez de expressar as opiniões divergentes dessa atual patrulha ideológica repugnante no Brasil quiçá no mundo e a música é um dos exemplos sinto um esvaziamento de qualidade estarrecedor em relação à produção da nova geração brasileira e temo ser confundido como alguém preconceituoso fato que foge completamente à minha trajetória de respeito e apoio à diversidade seja ela qual for mas sinceramente observar o cenário atual é pouco edificante sim você pode me acusar de não ter conhecimento de tudo o que se produz hoje por aqui mas quero saber quem tem diante de certo barateamento dos custos tecnológicos para a produção mas vejo pode ser com pessimismo a mediocridade patrulhada quase absoluta repleta de discursos vazios e pouquíssimo propósito artístico relevante na verdade são os ossos da modernidade enlouquecida faminta de dogmas e ideologias ora vermelhas ora azuis e na verdade tudo é a mesma bosta só se vestem de roupas de cores diferentes soube que o Tony Garrido mudou a letra de um de seus maiores sucessos por conta de um não sei o quê hetero que ele mencionou meu Deus pode mandar o asteroide que isso aqui acabou de vez mas deixa isso para lá e Milton Nascimento foi diagnosticado com demência notícia bem triste porque Milton é mais do que músico é uma entidade musical dono de timbres e composições inigualáveis na música mundial salve Milton Nascimento muito obrigado por tanta emoção e por tanta vida exalada da sua voz.
Leia Mais, Saiba Mais: A crônica que 'atravessa a ponte do cotidiano' e usa a licença poética da substantivação (Marcelo Peregrino) é a essência do nosso debate. Continue a reflexão sobre as intempéries do mundo e a busca por sentido.
Música de alta qualidade em playlists da Cedro Rosa.


















Valeu Marlos Degani! Isso tudo aí mesmo!
Você admirando o dia clarear, como sempre com sua percepção para as cores e seus tons, eu também por aqui.
Mas na memória me fica a glória do pôr do sol em Mesquita e Nova Iguaçu na Serra de Madureira.
Abraços!