Ricardo Martins lança "Os Últimos Filhos da Floresta" com proposta de construção de escola indígena financiada pela venda do livro
- Redação

- 17 de set.
- 4 min de leitura

A relação entre arte, documentação e responsabilidade social ganha nova dimensão no projeto de Ricardo Martins, que transformou uma expedição fotográfica ao território Yanomami em um ciclo virtuoso de criação e retorno comunitário. O livro "Os Últimos Filhos da Floresta", que será lançado no dia 20 de setembro em São José dos Campos, representa mais que um registro documental: é um modelo de como a produção cultural pode gerar impacto direto nas comunidades retratadas.
A obra resulta de uma imersão de vários dias na aldeia Hemare Pi Wei, após mais de um ano e meio de negociações para obter acesso e consentimento da comunidade. O diferencial do projeto está na contrapartida proposta pela própria liderança local: parte da renda obtida com a comercialização do livro será destinada à compra de materiais para construção de uma escola na aldeia.
Demanda comunitária como ponto de partida
A ideia surgiu de Maciel, uma das lideranças que acolheu o fotógrafo na comunidade. "Nossos jovens precisam se orgulhar da nossa cultura e dos nossos costumes. Precisam ter orgulho de serem indígenas. Também precisam aprender a língua e a cultura do Napo (homem branco), pois isso será a defesa deles", explicou a liderança Yanomami.
A proposta evidencia a complexidade contemporânea das comunidades indígenas, que buscam equilibrar preservação cultural e inserção no mundo não-indígena como estratégia de sobrevivência e autodeterminação. A escola não foi concebida como estrutura isolada, mas como espaço de fortalecimento da cultura Yanomami, com participação ativa da comunidade em sua construção e projeto pedagógico.
"Convivendo com os Yanomami, vi um modo de vida conectado à terra, onde tudo tem valor e é respeitado. Percebi que não bastava documentar. Era preciso devolver algo à altura", reflete Ricardo Martins. "Essa escola é mais do que uma construção, é um elo entre o saber ancestral e o conhecimento do mundo de fora."
Multiplataforma e transmídia
O projeto articula diferentes linguagens e canais de distribuição. Além do livro físico, que inclui QR codes para acesso a vídeos exclusivos dos bastidores da expedição, será lançada simultaneamente uma série documental de 20 minutos. A produção integra o catálogo da RM Produções, que já possui títulos em plataformas como Amazon Prime Video, CNBC, TV Cultura, We Plus e Band Play.
A estratégia de financiamento também é diversificada. Além da venda do livro por R$ 79, foi criada uma coleção especial de fine art no site do fotógrafo e uma campanha virtual de apoio à escola. A abordagem demonstra como projetos culturais podem utilizar múltiplos canais para amplificar tanto o alcance quanto o impacto social.
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Contexto antropológico e ambiental
Os Yanomami representam um dos maiores povos indígenas relativamente isolados do mundo, habitando a floresta amazônica há mais de mil anos entre Brasil e Venezuela. Para essa comunidade, a floresta não constitui apenas ambiente natural ou recurso econômico, mas entidade viva e sagrada denominada "urihi" (terra-floresta), com a qual mantêm relação espiritual contínua.
Essa cosmologia aproxima-se da Hipótese de Gaia, proposta pelo cientista James Lovelock nos anos 1970, que compreende a Terra como organismo vivo e autorregulador. A perspectiva Yanomami oferece, portanto, contribuições significativas para debates contemporâneos sobre sustentabilidade e relação homem-natureza.
Desde a década de 1980, o modo de vida Yanomami enfrenta pressões externas crescentes: garimpo ilegal, desmatamento, doenças e violência. Essas ameaças colocam em risco não apenas a sobrevivência física da comunidade, mas também sua cultura, cosmovisão e relação territorial.
Reconhecimento e lançamento
O projeto será apresentado durante a 58ª Semana Cassiano Ricardo, na Festa Literomusical de São José dos Campos, onde Ricardo Martins receberá o Troféu Cassiano Ricardo pelo trabalho desenvolvido em prol da comunidade. O reconhecimento institucionaliza a dimensão social do projeto, posicionando-o no campo da responsabilidade cultural.
"Os Últimos Filhos da Floresta" representa o 15º livro de Martins, fotógrafo reconhecido internacionalmente com trabalhos exibidos na UNESCO (Paris) e Galeria Tretyakov (Moscou). Em 2012, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Melhor Fotografia pela obra "A Riqueza de um Vale".
A iniciativa ilustra tendências contemporâneas da produção cultural, que cada vez mais busca articular criação artística, documentação antropológica e impacto social. O modelo proposto por Martins pode inspirar outros projetos que envolvam comunidades tradicionais, estabelecendo parâmetros éticos para a produção documental e fotográfica em contextos sensíveis.
Serviço: Lançamento: "Os Últimos Filhos da Floresta" Data: 20 de setembro de 2025, às 13h30 Local: Flim - Festa Literomusical de São José dos Campos Parque Vicentina Aranha (R. Engenheiro Prudente Meireles de Moraes, 302 - Vila Adyana)
Entrada gratuita
Apoio ao projeto:
Livro: R$ 79 (livrarias e ricardomartins.org)
Fine art: ricardomartins.org/fineart
Campanha: ajud.ar/escola
Ricardo Martins é jornalista, apresentador e sócio-fundador da RM Produções. Seus documentários são exibidos em plataformas nacionais e internacionais, consolidando-o como um dos principais nomes da fotografia de natureza brasileira.
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