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TIPOS…

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O Dico era cético e “imaterialista”, uma definição sociológica que ele mesmo criou a partir de leituras mal interpretadas e segundo a qual tudo era fluido e evanescente como a espuma. Morreu, coitado, atingido por uma pedra enorme. Descobriu a solidez dos materiais, da qual duvidava, no último segundo.


O Deco, melhor amigo do Dico, era absolutamente neoliberal, incapaz de entender a universalidade e o compartilhamento de qualquer coisa. Era a favor da privatização do ar e da água, diante da incompetência do estado, dizia ele, em gerir o que quer que fosse. Faliu três vezes, devia até as calças ao banco e deu fim à própria vida, a única coisa que efetivamente ainda pertencia a ele, pulando do prédio - público - da prefeitura municipal da pequena cidade onde vivia. Foi resgatado pelo serviço público de remoções, enterrado no cemitério municipal e posteriormente exumado e jogado num terreno público, onde se descartavam as ossadas.


O Elias, primo por afinidade dos dois, era radicalmente altruísta e desapegado. Defendia a divisão absoluta de bens e haveres. Não queria nada ou ninguém para si, extremista da coletividade, certa ocasião pegou a calça suja de um coitado em situação de rua que havia ganho uma nova. Por ter um espírito absolutamente desapegado, vestiu na hora a calça, que merecia ao menos uma lavagem prévia. Adquiriu uma infecção grave e não resistiu.


Aníbal, não o general cartaginês, mas o frentista do posto do bairro, era radicalmente “automotivado” e só via prazer sobre veículos sobre rodas e motorizados. Talvez tenha sido feliz ao morrer atropelado por um modelo novo de SUV que, mal guiado, o atingiu no trabalho.


O Nestor era primo do Aníbal e mulherengo sem limites. Do tipo que não resistia a assediar quem quer que fosse a mulher que cruzasse seu caminho. Desrespeitoso, tratava a todas com a linguagem meio tatibitati e naquela lógica lamentável de que as mulheres seriam frágeis e que ele, logo ele, seria o grande protetor, aquele que abraçaria e abrigaria a todas com seus carinhos. A natureza, sábia como as mulheres, o fez quase repulsivo, por razões diversas sobre as quais não cabe aqui discorrer, e ele foi rejeitado por todas, apesar da insistência. Uma, que nada tinha de frágil, fisiculturista e triatleta que era, revidou a um toque indevido com um soco. O Nestor caiu, bateu com a cabeça e não levantou nunca mais. No enterro tinha pouca gente. Nenhuma mulher.


O Etevaldo se achava muito inteligente. Não era burro, digamos assim, mas teimava em vender muito mais caro do que valiam, as suas próprias qualidades intelectuais. Sobre qualquer assunto, dava a discorrer longamente e imperativamente, sendo a dele a última e definitiva palavra sobre qualquer assunto. Assim, o sabido votou nas eleições de 2018, atacou as vacinas e defendeu a cloroquina em 2020. Não chegou vivo em 2022 pra votar outra vez.

Cada um na sua…

 

Rio de Janeiro, agosto de 2025.

Audiovisual e Música: Indústrias Que Geram Emprego, Renda e Identidade


A produção de um filme, de um documentário ou de um álbum musical envolve uma cadeia produtiva ampla: roteiristas, músicos, diretores, iluminadores, técnicos de som, figurinistas, fotógrafos, montadores, tradutores e muito mais. Quando um projeto audiovisual ou musical ganha vida, ele movimenta dezenas, às vezes centenas de empregos diretos e indiretos.


A Cedro Rosa Digital fortalece essa cadeia ao garantir que trilhas, músicas e obras estejam certificadas, devidamente registradas e com seus direitos autorais organizados e pagos em todo o mundo.

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